Fui ver este filme, sem expectativas. Não vi o trailer. Nunca vejo trailers e faço os possíveis para os evitar. Não quero com isto dizer, que não são necessários ou que, não revelem por vezes filmes que normalmente não veria, mas o certo é que há filmes para os quais eu não preciso absolutamente de trailers e este é um deles. Mas dizia eu, antes de me perder, que fui sem expectativas, um filme de vampiros, com um herói bonito e uma miúda bonita, numa cidade isolada do mundo durante 30 dias de escuridão baseado numa BD de culto é mais que razão suficiente para levar às salas de cinema.
A cidade de Barrow no Alasca, todos os anos sofre de privação solar durante 30 dias. Nesse tempo a cidade está completamente isolada do exterior. Não há aviões, nem carros a ir de uma cidade a outra, pois para além de ser noite, ainda há tempestades violentas. No último dia de sol, chega um estrangeiro misterioso (interpretado pelo subvalorizado Ben Foster) à cidade. Com ele chega a morte e a destruição. Foster não é um vampiro. Será mais um “batedor” que na promessa da vida eterna, procura cidades para que um grupo de vampiros seculares, possam saquer e saciar a sua sede. É nessa primeira noite que se instala o caos e os cidadãos de Barrow liderados por Eben e Stella Oleson (Josh Harnett e Melissa George) vão fazer tudo para sobreviver 30 dias de escuridão.
Não é um filme fenomenal, mas mais que cumpre o seu propósito. As cenas de gore e mutilação são levadas a cabo com mestria. O próprio vampiro é diferente. Não é convencional como um Drácula, mas também não é saído das páginas de Anne Rice, onde a elegância impera. São visceralmente cruéis e deformados, mas não no jeito que os vampiros da Buffy são, num aspecto mais sombrio e mesmo antigo, como já disse secular. A sensação que temos é que caminham e fazem isto há idades intemporais utilizando até um dialecto que de todo soa a algo muito, muito antigo. Seja criança, velho, novo, homem ou mulher, estes vampiros liderados por Danny Huston (que surpresa) não fazem distinção, são completamente aterradores e cruéis. A mutilação que vemos, leva-nos a dar saltos na cadeira, de tão poderosas que são. De facto a realização de David Slade, que só tinha visto num registo completamente diferente em Hard Candy (e daí talvez não), é uma agradável surpresa. Talvez a única semelhança são os constantes momentos de tensão e relaxamento pelos quais passamos no filme: ora estamos aos saltos na cadeira, ou estamos a respirar mais um pouco mais aliviados, mas tensos à espera do próximo susto. Creio até que a determinadas alturas Slade,faz incursões pelas cores que Tim Burton utiliza. O Branco, o negro e o vermelho. Há inclusive um plano, onde se percorre a cidade por cima, olhando para o que está a acontecer no chão e o que vemos são criaturas negras a dilacerar tudo o que encontrar e o vermelho de sangue a ficar espalhado numa neve puramente branca.
Como é óbvio, nem só de horror e macabro, sobrevive o filme. Se bem que é introduzido logo no inicio do filme, uma separação entre o casal protagonista do filme, o facto é que a crise os leva a superar essa barreira e onde havia falta de diálogo, há agora compaixão, amor e aquele sentimento mártir que os americanos tanto gostam de sacrifício.
Um filme destes é para ver de mente vazia, apenas para o coração bombear o sangue… um pouco mais depressa nas veias.
7/10
É mesmo feia!