Este não é um tema habitual neste blog, mas é um assunto importante e não pode passar despercebido. Não vi a votação de ontem na RTP para os Grandes Portugueses, soube esta manhã na ronda habitual pelos blogs que admiro, um post sobre o vencedor. O post embora nunca refira o nome de António Oliveira Salazar, é claro e não causa qualquer dúvida. O post podem vê-lo na íntegra em Cinema Notebook por Knoxville, cuja opinião é para mim importante e valiosa.
Não obstante, quando tudo apontava para que D. Afonso Henriques fosse o maior português de sempre, Salazar ganhou e deixou o país boquiaberto. Antes de avançar devo referir que não sou pró-Salazar. Não sou a favor da censura, adoro e vibro com a ideia da Liberdade, mas sou licenciado em História e como tal quero fazer-me crer, que consigo distanciar-me e analisar factos friamente.
Salazar chega pela primeira vez ao poder através do golpe de estado militar conhecido como o Golpe Militar de 28 de Maio em 1926, era então professor universitário de economia em Coimbra. Esteve 13 dias no cargo uma vez que considerou que não lhe deram as condições necessárias para efectuar o trabalho. Em 1928 retorna já com as condições que necessitava e em 1 ano obtêm superavit nas economias nacionais. Em 1932, após ter conseguido afastar todos os ministros militares torna-se chefe de estado e dá inicio à Ditadura Salazarista que durou cerca de 40 anos (Marcelo Caetano não é relevante aqui). Recuperou o balanço económico do país, evitou a entrada na IIª Grande Guerra, criou a PIDE, fundou o partido da União Nacional, torna a eleição presidencial dependente de um colégio eleitoral da confiança do seu regime, cria a Legião e a Mocidade Portuguesas.
Enquanto estivermos tão perto (40 anos não é assim tanto tempo), este país se irá sempre dividir entre o salvador e o tirano. Friamente, Salazar criou as bases para o rejuvenescimento económico e pela forma como o país estava financeira e politicamente foi imprescindível a sua acção de privar liberdades económicas e sociais. A PIDE foi o seu motor de censura e de afastamento de qualquer ameaça ao seu poder. Torturou, matou, prendeu toda e qualquer pessoa que considerasse perigosa à sua posição.
Agora vejamos, é ele diferente de um D. João II? É ele diferente de D. Afonso Henriques? Ou do Marquês de Pombal? Fez o necessário para manter o país. Foi cruel, foi Maquiavélico.
De qualquer forma eu vejo a eleição de Salazar como o maior dos Grandes Portugueses, não por ser quem foi, mas por uma razão que Marcelo Rebelo de Sousa tão bem especificou, mesmo antes de se saber quem seria o vencedor:
“Como os fenómenos culturais são lentos a mudar, há uma certa inércia que fica na cabeça das pessoas. Essa inércia diz o seguinte: foi um tempo em que não havia democracia, nem liberdade, mas havia estabilidade, autoridade e um viver modestamente, mas em equilíbrio económico e financeiro”, explica Marcelo Rebelo de Sousa. “E essa ideia que ficou tem o seu lastro que, de quando em vez, vem ao de cima, porque 40 anos são muito pouco na história de um povo.” In RTP