É espantoso como tudo na vida se resume a um “click”. Pelo menos para mim é assim. Posso pensar, reflectir e chegar à exaustão em inúmeros actos deambulatórios da mente, mas um simples pensamento chegando do nada é que me soluciona a questão e me acalma a mente.
Um casal novo discute para marcar posição relativamente a determinados aspectos da vida conjugal. Se é um casal que passa pela experiência pela primeira vez, é muito complicado. Se por algum motivo, acrescentarmos factores externos, como dinheiro por exemplo, mais complicado fica. As discussões acontecem e são frequentes e mesmo que um dos pares tenha razão, já há tanto historial que o outro não se apercebe e não quer saber, até porque a preservação do ego inerente ao espírito humano, entra em piloto automático e já não ouve nada.
Nessa altura há uma ruptura total, um cavalgar de emoções que impede qualquer um dos membros do casal de ouvir, de parar e de se acalmar. Se juntarmos algumas condicionantes de foro psicológico, o caldo está entornado e entramos numa jornada que leva à crise final entre o casal.
Mas a solução às vezes passa pelo tal “click”. Uma das pessoas tem de ceder. Tem de dar prioridade aos problemas e dores do outro, deixar um pouco o seu ego de lado e ter esperança que um dia chegará a sua vez. Que as necessidades que agora têm, são menores que as do outro e que a seu tempo, porque ainda existe amor entre o casal, o outro ficará bem e poderá tomar conta de nós, de nos pegar ao colo e nessa altura retribuir o carinho e dedicação com que cedemos as nossas vontades em detrimento do seu bem estar. A pessoa que cede, também não deve ser cega e ceder por ceder. Deve ceder naquilo que é mais importante e naquilo que é grave para o outro, mas não deve deixar-se cair. Deve ter em mente que a sua vontade também terá de ser saciada mais cedo ou mais tarde, mas sem nunca deixar de perceber que o outro agora é mais importante.
Um “click” permite essa cedência de passagem, um rasgo de pensamento simples, permite que tudo melhore da noite para o dia e permite perceber que afinal, as nossas necessidades não são tão urgentes como à primeira pareciam ser.
(Foto de Sofia Cristina Carvalho, intitulada de Se me é negado o Amor..., retirada do site Olhares)