Escrevi este texto num comentário ao post (http://tvdependente.net/2010/02/vamos-falar-de-o-final-de-temporada-de-heroes/) sobre a quarta temporada de Heroes, mas como é uma review completa ponho aqui na integra para vosso deleite:
"Depois do ZB ter desistido de Heroes, quem inicialmente pegou na série fui eu, mas o tempo e falta de vontade de escrever ditaram que a deixasse e foi com pena que acabei por deixar de ver os reviews de Heroes no site.
Eu não desgostei de todo da 3ª temporada. Sendo dividido em dois tomos, é certo que o segundo foi melhor que o primeiro, mas ainda assim falhou em muitos pontos. Esta quarta temporada vinha mais uma vez com conceitos interessantes, misteriosos. É certo que a linha de argumento onde Sylar era Nathan e onde o primeiro era alguém preso na cabeça de Parkman foi uma bela de uma banhada, mas ainda assim havia mistério e interesse. Aliás para mim a figura de Samuel Sullivan quase que apontava para a série Carnivale.
No entanto ao longo dos 19 episódios, Heroes fez o que sempre soube fazer. Criar imensas linhas de pensamento, introduzir imensas personagens ao invés de aproveitar as que já tem ou fechar os seus ciclos finalmente:
- Nathan, Peter e Sylar. Para quem não viu, Sylar ganhou os poderes de transmorfo e como só Ângela e Bennett sabiam da morte de Nathan, convenceram o Parkman a transformar a mente de Sylar em Nathan. Eu percebi a intenção. Não queriam desfazer-se já de Nathan para dar um momento de tristeza a Peter e ao mesmo tempo pretendiam dar espaço para Samuel crescer enquanto vilão, o que não aconteceria com um Sylar em plenas funções por perto. Quando Parkman modificou Sylar, conseguiu assimilar a sua mente e por momentos, Sylar fez da sua vida um inferno.
- Claire, Bennett. Claire, para variar tentou ter uma vida normal, conheceu uma colega de quarto interpretado por Madeleine Zima e teve sentimentos mistos…. Se era lésbica ou não tornou-se basicamente a sua quest durante a temporada. Bennett por seu lado andou envolvido com Tracy (que de repente deixou de entrar na série) e arranjaram-lhe outra loira (que supostamente trabalhou com ele na Companhia) e depois no misto de Pai Super protector com a versão de agente que é, tentou apanhar Sullivan a todo custo.
- O último factor na temporada foi Hiro. O homem ou morria ou não de um problema qualquer na cabeça (que sinceramente não me lembro como se curou), perde a memória, salva a Charlie (personagem que Sylar tinha morte umas temporadas antes), Sullivan tira-lha e anda a temporada inteira ou a ser chantageado ou atrás de Charlie. E aquele tribunal fictício? WTF?
Por fim temos Sullivan. Personagem intrigante e magnificamente interpretada, mas completamente desaproveitada. Eu imagino o Robert Knepper no inicio da temporada e agora… “epá que personagem altamente… as potencialidades deste tipo” e agora “Mas que merda onde me vim meter!!!!”. Tanto coisa, tanto plano diabólico, ora andou atrás de Peter porque ele seria o substituto do irmão, ora Hiro era demasiado importante e depois a única coisa que fez foi buscar uma bobine (que se o velho que raptou a Charlie não andasse nessas merdas tinha-o feito), ora Claire era importante e para quê? Ainda não percebi.
Mais uma vez o problema de Heroes é criar linhas de argumento por todo o lado e depois não concluir nenhuma, ou quando o faz, faz mal. É verdade que o preceito de Heroes e desta temporada, dava pano para mangas, mas também sinceramente não sei o que passa para criarem tanto enrredo e tanto personagem para depois não darem continuidade a nada. Afinal alguém me explica porque é que a Surda Violinista era vital no plano de Sullivan? Ou porque é que na personagem Lydia (uma nova vidente, bonita e interessante) se via o Peter, o Hiro e a Claire como vitais? Ou porque raio é que o Parkman não morreu com aquelas balas todas?
Depois há claramente aquele final. Mas o Peter voou para cima do Samuel ou mandou-se? Eu ia jurar que ouvi o som de voar. O Hiro teletransportou todos mas ainda lá ficaram pelo menos 5 mutantes, um dos quais com poderes por mais que mil mutantes e se o poder de Sullivan é ganho através de tal, ele perde as forças?
Sinceramente, Heroes é o meu Guilty Pleasure. Gosto imenso da personagem do Peter. Sempre gostei de personagens que sem motivo aparente carregam a culpa do mundo nos ombros e isso faz-me ver a série. Depois tenho sempre esperança que no meio desta embrulhada toda eles consigam sublevar-se e fazer algo de genial, mas temo que para além dos argumentistas, também Tim Krieg não regule da pinha e não consiga dizer que não àquelas linhas todas de argumento que são introduzidas. Acho que se descontroulou totalmente na passagem da primeira temporada para a segunda. É que segundo sei as personagens que conhecemos na primeira temporada supostamente não transitavam para a segunda, sendo que o volume II seriam novas histórias de novos personagens, mas pressões da NBC e do próprio sucesso da série ditaram um destino diferente. E depois há Sylar que fique bom ou mau, com ou sem memória é sempre um deleite.
No fundo, foi mais uma má temporada, a lembrar bastante a segunda, interrompida e fechada à pressão, desta feita não pela greve, mas pelos Jogos Olímpicos de Inverno. Se houver outra vejo. Se não houver, tenho pena que Heroes nunca tenha sido aquilo que podia ter sido e a acabar, pelo menos que ensine o projecto dp filme “Push” a nunca cometer estes erros."