Pela primeira vez ponho frente a frente um original e um remake . É verdade que analisando a fundo os dois acabam por ser distintos, sendo que o primeiro é mais afastado do que representou esta grande obra de Stephen King e o segundo embora mais perto do livro, acaba por ser menor em vários aspectos.
Como eu não sei manter qualquer tipo de suspense , já se percebeu que preferi o primeiro. Não que tenha um enredo aliciante ou que os actores estejam soberbos, mas o termo cagaço ” é bem aplicado aqui. A história passa pelo regresso do filho pródigo à sua terra natal. Um escritor bem sucedido volta para escrever o seu novo livro. O tema é uma casa que se diz amaldiçoada em Salem’s Lot . Não se percebendo bem o fascínio do escritor pela mesma, com a chegada de um vendedor de antiguidades que compra essa casa, começam a desaparecer pessoas e postumamente a tornarem-se vampiros. Nesta versão e embora hajam caras conhecidas do publico, o que realmente é digno de se ver é o old fashion horror com que é montado. A cena da criança a arranhar os vidros de uma janela pedindo permissão para entrar é das imagens mais horríveis que alguma vez vi. Não me importou tanto a história, cujas falhas em relação ao que está no livro são enormes, mas sim a intensidade do horror que esta adaptação consegue transmitir.
O “tal” remake já tem mais caras conhecidas. A vedeta de serviço é Rob Lowe e se o primeiro falha em aproximação ao livro, este ganha-lhe a milhas. Mas nunca consegue assustar, nem sequer passar da narrativa monótona. Os actores não conseguem transmitir nenhuma emoção através do pequeno ecrã e mesmo a homenagem ao primeiro do “arranhar das janelas” não consegue implicar um terço do cagaço ” original. Também aqui é de notar ou realçar a diferença do vampiro mestre que existe no primeiro filme. Aqui temos um Rutger Hauer sem um pingo de susto e no primeiro uma cópia exacta de Graf Orlok do filme Nosferatu .
Em suma, quem não quiser ler o livro creio que deverá ver o filme mais recente. É o mais fiel, é detalhado e explora personagens que o primeiro não ousou tocar, inventa um pouco, mas ao menos percebe-se a maioria das acções e simbioses entre os personagens. Também é mais curto. O primeiro, embora típico no sistema e métrica de filmes dos anos 70, não explora a história, acabando por se tornar grande demais com cenas apenas para criar suspense e sem grande influencia no decorrer da narrativa. Ainda assim transmite emoções, os tais cagaços e um constante “e agora?”, que o segundo nunca é capaz de fazer. Já sabem sustos = primeiro e História= segundo.
Salem's Lot (1979) 7/10
'Salem's Lot (2004) 5/10