Reservation Road é um filme muito pesado e que lida com assuntos normalmente tabus demais para serem tratados no grande ou no pequeno ecrã. Numa época em que “hit-n-run” cada vez mais é uma constante nos nossos noticiários, este Reservation Road mostra o que acontece a uma família que se vê privada do filho num acidente, onde um carro o ceifa e depois foge; e do condutor do carro que não teve intenção de embater na criança cuja fuga é despoletada pelo medo.
Tendo já passado por uma situação semelhante na minha vida, sendo eu um familiar de alguém a quem isto já aconteceu, o filme afectou-me de várias maneiras, jeitos e feitios. Se por um lado eu sempre compreendi, o medo e o receio de quem embate, não consigo compreender nem entender o que é que leva uma pessoa a fugir. Sendo um acidente, o máximo que poderá acontecer ao condutor é ficar sem carta. As consequências para o outro lado é que são devastadoras. Não há lugar a paz, a descanso, a silencio de mentes. O condutor que embate, não ceifa só uma vida mas várias no caminho, sendo a família a primeira a cair.
Porém, não deixo de respeitar a coragem de Terry George, ao tentar mostrar este segundo lado da história. A escolha feliz de Mark Ruffalo para o papel do condutor, também leva o espectador a identificar-se com o medo e a confusão do mesmo, tendo inclusive alguma simpatia por ele. É a minha opinião, que a covardia nestes termos, não dá lugar a qualquer tipo de simpatia. Para o lado da família, destaque para as actuações de Joaquin Phoenix e de Jennifer Connelly que espelham a dor, a confusão e a culpa (inexistente) como sentimentos normais que surgem numa situação destas, de uma forma brilhante.
6/10 - Admiro a coragem da história, mas não a sua intenção.
