“Duas irmãs e um Rei” é um filme que passou despercebido e não devia. Sabendo de antemão a história que dá origem a este romance, a minha primeiro impressão quando saí da sala de cinema, foi a de que estive perante um grande filme. Não soberbo, mas ainda assim grande. Mais que não fosse o motivo de ver as duas actrizes mais desejáveis da nova geração de actores, ainda tinha um elenco secundário pleno de actores consagrados e contava uma das mais importantes histórias da História!
É a história romanceada da família Bolena, que vai fazer tudo para sair da miséria monetária em que se encontra nem que para isso tenha que oferecer ilegitimamente as suas filhas ao rei (Eric Bana). Tudo começa quando o Rei vai de férias à casa Bolena, para desviar as atenções do mais recente desgosto de ter perdido o filho varão tão desejado à nascença. Para ganhar favor junto ao rei, o chefe da casa Bolena, oferece-lhe a sua filha Ana (Natalie Portman), mas o rei volta as suas atenções para a outra irmã, a inocente Maria (Scarlett Johanssen). Quando falei em romance, falei-o porque a história verídica sobre uma das mais importantes fases da Inglaterra enquanto nação, não é como o filme. As personagens, não foram na sua exactidão o que são no filme, principalmente a de Scarlett Johansson, no entanto é dos mais fieis retratos que poderemos almejar encontrar num filme histórico.
Não me querendo alongar na história, para não estragar a mesma a quem não a conhece, achei um filme bem estruturado com um guarda roupa muito bem produzido e com actuações sóbrias e eloquentes. Como é obvio, Scarlett não é mais que uma pequena mosca a Natalie Portman neste filme, mas também o seu papel não lhe exigia mais, ela representa a inocência, quando a irmã é a rebeldia e a causa de ruptura. Eric Bana, faz-nos crer como é possível ser amado e odiado ao mesmo tempo, onde enquanto Rei é respeitado e ao mesmo tempo é uma criança que quer ver os seus desejos saciados, quando e como quer. Até as actuações secundárias de Kristen Scott Thomas (a mãe das irmãs Bolenas), Ana Torrent (a primeira Rainha) e David Morrissey (tio das Bolenas e conselheiro do Rai) não passam nunca despercebidas, ora não fossem todos actores de excelente calibre.
Justin Chadwick assinou a realização do filme, e sem grande currículo no "mainstream cinematográfico" acaba por desempenhar um trabalho razoável. O filme está bem orquestrado, revelando mestria na interligação factual com a carga dramática, ou em certos casos humuristica sem cair no levianismo. De toda a realização e tendo em conta a pouca experiencia do realizador, apenas “desgostei” da passagem de capítulos na história, onde o realizador optava por filmar um plano escuro ao encerrar um capitulo e suavemente ir centrando a imagem nas personagens do novo capitulo.
Em suma, para quem gosta de história e quer saber o que aconteceu, antes de “Elizabeth”, mas não pegar num livro de história, este filme, acaba por não fugir aos factos, embora seja romanceado nos pontos que os ligam. Para quem não gosta, mas ainda assim anseia por bons romances, cheios de intriga e traição palacianas, vai-se deleitar ao longo dos extensos 115 minutos do filme.
8/10 Vale a pena ir ao cinema.