É um velho problema. Estamos cansados de o saber e infelizmente nada podemos fazer para o alterar. Há filmes que sem razão aparente teimam em não estrear em salas portugueses, perto (em termos temporais) da sua estreia nas salas norte americanas.
Halloween de Rob Zombie foi o descalabro mais recente. Estreou a 13 de Agosto de 2007 nos EUA e cá foi continuamente adiado até meados deste mês. Durante esse tempo saiu o DVD “unrated” em Dezembro de 2007 e consequentemente esteve dias depois disponível na Internet. Ora não contando que a poucos dias da estreia já estava um workprint de óptima qualidade presente neste infinito mundo de possibilidades, mais uma vez estranho este adiamento de mais 6 meses para um filme que continha algum potencial financeiro principalmente se estreasse a 31 de Outubro de 2007, data festiva do Halloween. Como é óbvio e quem acompanha este blog sabe-lo, eu tive oportunidade de o ver antes de ter estreado em salas portuguesas e o que podia ter sido um gasto de aproximadamente 10€ (bilhete+ pipocas e bebida) numa sala de cinema, passou apenas para uma noite sem qualquer gasto financeiro em casa.
Se para mim a concepção do Halloween de John Carpenter é o melhor filme do género, fui inteligente o suficiente para não esperar um filme excepcional de Rob Zombie. Sabia de antemão que Zombie queria reinventar o mito de Michael Myers, mas não tinha ideia do que isso iria representar.
Zombie tentou humanizar Michael Myers. Se era um ser que ninguém conseguia explicar durante os primeiros filmes, aqui é apenas e só um humano. Um ser, cuja vida de infância ocupa metade do filme, e que nada de misterioso tem. Foi abusado e maltratado durante a sua infância, fazendo-o ter graves perturbações mentais que o levam a matar pessoas. É típica história do assassino em série.
Se o primeiro era pleno mistério e o medo que provinha desse filme era o não saber, o porquê, este é claro e bruto. Bruto no sentido que mostra a “verdade” por trás da máscara. Máscara essa que ele “incompreensivelmente” já tinha desde criança. Se o primeiro prolongava o suspense, obrigando-nos a respirar ao ritmo do filme, este demora-se muito tempo a explicar algo que não devia ser explicado e depois fazer o “gore” da praxe em minutos.
Como escrevi no inicio, não esperava dele um grande filme, mas também não o esperava tão mal estruturado na sua etapa final. Não esperava que Zombie se equiparasse ao génio de Carpenter, mas depois de ter visto os outros dois filmes dele, achei que iria conseguir construir uma história misteriosa que nos deixasse a salivar, pelo menos um pouco à deriva, ainda que levasse o filme, numa direcção completamente oposta do primeiro. Mas Zombie não fez isso. Ele pura e simplesmente decidiu que Michael Myers é humano e dedicou-se a esse campo, tornando o filme apenas mais um mau remake. Porque este filme acaba por não ser uma reinvenção de Michael Myers é apenas um outro olhar do que poderia ter sido se ele fosse como nós. Se fosse afectado como nós. E depois uma cópia apressada do que foi feito no original (com algumas modificações pontuais) para que vejamos o tal “gore” e um final encaixado, porque tinha de ter um…
2/10 – Não porque esperava um filme igual ao primeiro, mas porque devemos ter a noção de que se é um remake, as linhas gerais devem ser mantidas, se não for há que ter “tomates” e arriscar em algo completamente diferente como foi “Dawn Of The Dead”.
