Os filmes feitos para TV normalmente não são bons. Há excepções que fogem à regra e esta é uma delas. Quando vi este filme pela primeira vez, fiquei completamente extasiado e foi através dele que tive o meu primeiro contacto assustador com Stephen King. Se bem que eu já conhecia o nome através da série “Quantum Leap”, onde o protagonista da mesma incorpora uma pessoa muito próxima de King, e já tinha visto filmes como o Stand by Me ou o Running Man, o primeiro baseado no livro “The Body” e o segundo escrito pelo autor, assinando com outro nome.
Mas voltando a “It”, hoje continua a ser um grande filme, que prega alguns cagaços, que em momentos é verdadeiramente assustador. Apesar de ser um filme de TV está recheado de pessoas conhecidas, mesmo, nos dois segmentos para os quais foi desenhado (eu vi-o como um filme, mas a verdade é que foi dividido em 2 para a TV).
Várias crianças na cidade de Derry (cidade ficcional), no Maine, estão a morrer ou a desaparecer. Um grupo de sete miúdos (The Loser’s Club) terá de lutar contra uma criatura milenar que se disfarça de palhaço e os quer matar. Após a primeira batalha contra Pennywise (o palhaço) que sofreu uma humilhante derrota, o grupo dispersa-se e as crianças tornam-se adultas sem olharem para trás. Pelos vistos Pennywise não estava morto e volta agora para matar novamente. O grupo dos sete, já adulto, terá de voltar a casa para enfrentar os seus maiores medos novamente.
Feita a premissa, King de certeza que se baseou num filme e numa figura dos anos 70, ao escrever este livro. Logicamente no Pesadelo em Elm Street. O matar miúdos e a forma como lhes aparece e os massacra psicologicamente antes de dar a machadada final tem ali o dedo de Wes Craven. John Wayne Gacy durante a década de 70 matou e violou mais de 30 crianças vestido de palhaço, foi apanhado em 1978 e executado em 1984. It… Pennywise, foi bebido daqui sobretudo.
É verdade que este filme não é de todo fiel ao livro, pelo menos o que sei. Infelizmente, nunca encontrei o livro à venda, nem sequer na versão original, mas a pesquisar na Net acabei por perceber que o livro (como quase sempre) é bastante mais complexo. Este livro contém fortes ligações e tem referências a um universo bem maior, à série “The Dark Tower” (a trilogia dos anéis de King) é ligado este mítico ser Pennywise, mas infelizmente não sei como, pois encontro muito poucos livros de King, nas estantes das livrarias. Também há discrepâncias na história, mas que acabam por não influenciar o final da mesma, ou o simples facto de este ser um bom filme.
Pennywise é interpretado por Tim Curry, naquele que para mim é provavelmente o papel da vida dele. Quando soube que Tim Curry (sim, esse mesmo, o que no primeiro Charlie’s Angels, luta com uns fatos de sumo, contra o eterno Caça Fantasmas, Bill Murray) era o palhaço, não deixei de me espantar, como é que um actor que conheci sempre como cómico, se torna num palhaço (?!?) verdadeiramente aterrador? Faz lembrar um pouco Frank Langella que ultimamente vimos como Perry White em Superman Returns e que há alguns anos foi Skeletor, em Masters of The Universe! Os 7, quando em adultos são bastante conhecidos, nomes como Tim Reid, John Ritter (já falecido), Annette O’Toole, Richard Masur ou ainda Harry Andersson. Em crianças o destaque vai para dois miúdos Seth Green (Austin Powers) e aquele (o meu favorito na altura, por ser o líder) que vim saber no decurso desta pesquisa, ter-se suicidado em 2003: Jonathan Brandis.
Embora não seja um filme gore, tem os seus momentos realmente assustadores. Para ver e rever!