A figura sobre a qual este filme espelha, é a figura que vive no imaginário de todos os homens que conheço. Algumas mulheres também, mas mais os homens. James Bond é aquele que todos gostariam de ser e “outros” de ter… É um espião com requinte, charme, postura. Extremamente inteligente, dotado de uma cultura vastíssima, bons fatos, magníficos relógios e carros de outro mundo.
Depois de tantos James Bond, passando por Sean Connery a Roger Moore ainda Timothy Dalton ou ainda do mais recente Pierce Brosnan, qual a melhor maneira de fazer um novo filme? Quem seria o actor? Uma continuação seria o caminho lógico, não apresentando qualquer desafio. Um sucesso por si só já garantido, fosse o filme bom ou não, mas Pierce não quis fazer mais nenhum. Então depois de 20 filmes (mais 2 não oficiais) como fazer este filme? Talvez reinventando. Casino Royale é uma reinvenção de James Bond, mais que James Bond, é uma reinvenção do “franchising”.
Este James Bond é mais rude, cruel, frio que os outros. Não deixa de ter todas as características que fazem dele um Bond, no entanto é duro. Escolheram Daniel Craig para a tarefa. A escolha foi rodeada de toda a crítica possível e imaginária. Daniel Craig não é o modelo de um homem bonito, nem sequer aparenta ser charmoso à primeira vista. Eu próprio achei a escolha desadequada e como me enganei… Este é o Bond que sempre quis ver.
A história é simples. Pegou-se no primeiro livro de Ian Fleming, reescreveu-se para cinema uma história que já em 1967 (Casino Royale) tinha passado pelo grande ecrã, mas mais em formato comédia e deu este filme genial. São os primórdios de Bond. James acabou de receber a sua primeira missão após tornar-se um “00”. Em África, a sua missão é capturar um bombista que lhe dará acesso a um “peixe” maior, um homem conhecido como Le Chiffre (Mads Mikkelsen).
Bond não é bem sucedido e quando M (Judi Dench) o repreende, parte numa missão a solo, para justificar que ele foi bem promovido a “00”. Após relativo sucesso Bond parte para a sua segunda missão. Em Casino Royale terá lugar um jogo de poker milionário com Le Chiffre. A sua missão é infiltrar-se, jogar e ganhar. É acompanhado por Vesper Lynd (Eva Green), a Bond Girl de serviço (sem palavras… apenas estonteante), agente da tesouraria que estará encarregue do dinheiro que Bond irá usufruir para o jogo.
Mais, seria indecente da minha parte contar aqui. Só vos posso dizer que o filme é repleto de um género de acção nunca antes vista em filmes da saga 007, de um enredo e engenho nunca antes imaginados. A meio do filme vocês irão perguntar-se: Mas quem raios é o Pierce Brosnan?
De todos os Bonds este é o mais perfeito e o melhor filme da saga na minha opinião. É o segundo da longa lista de 21 que tem um “twist”, e que “twist”…
James Bond: I think I'll call it a Vesper.
Vesper Lynd: Why, because it leaves a bitter aftertaste in your mouth?
James Bond: No because once you've tasted it, you won't want anything else.
