18 de Novembro de 2006

Chego até vós totalmente embriagado pela experiência que foi assistir ao Perfume no cinema. Com uma anormalidade irracional, escrevo uma vez mais imediatamente após uma tormenta de sensações que invadiram e penetraram o reino dos sentidos que habita em mim. Normalmente espero acalmar as emoções antes de partir com alguma rudeza para os meus pergaminhos.

Foi a minha segunda tentativa para ver este filme. A primeira, na noite passada, terminou abruptamente (ainda o filme não estava a meio) pois a minha namorada sentiu-se bastante mal. Teve uma razão de ser. As imagens transmitiram-lhe algo que eu julgava ser impossível: o odor mundano.

É este odor que me está a deixar fascinado, mais uma vez, pela história de Jean-Baptist Grenouille. Mais que odorífica, é uma história com um sentido moral tal e qual um conto infantil. Mais que um conto infantil, ela é um poema. E como todos os poemas cada um tira dele a sua interpretação. Não vou partilhar a minha.

Tom Tykwer um desconhecido de Hollywood, teve a audácia de realizar um filme que Stanley Kubrick rejeitou por achar a tarefa humanamente impossível. Até agora o seu trabalho mais conhecido, tinha sido Lola rennt (Corre Lola, Corre) e nada fazia prever que este alemão pintasse na tela o odor que tão brilhantemente já Suskind tinha (numa tarefe digna dos Deuses) passado ao papel. Sendo difícil, transmitir cheiros, usou com muita frequência de um jogo repentino de mudança de imagens, focando os bons e maus cheiros, levando-os de bandeja ao nosso nariz. Quando não o conseguia contou com a ajuda do narrador da história John Hurt (Sutler de V for Vendetta), que entrava em cena, quase como que a dialogar connosco numa simetria perfeita entre a imagem e o som. O jogo de cores também ajudou, as cores vivas eram realmente brilhantes e difíceis de passar distantes do espectador, os cabelos ruivos estavam alí para serem vistos... e eram! A relva verde também o era. O jogo de sombras para transmitir um ar aterrador a Grenouille, também foi a grande arma negra que utilizou para dar a certos momentos a escuridão original que Patrick Suskind atribuiu ao personagem principal.

Restava agora que o elenco completasse a fábula maravilhosa que Tykwer idealizou para a tela. O desconhecido Ben Whishaw interpreta maravilhosamente Grenouille. Fisicamente semelhante ao nosso David Fonseca (sim, o cantor!), Whishaw, pouco fala no filme. Ele consegue nos transmitir todos os sentimentos que vai despertando ao olongo da sua vida praticamente sem abrir a boca e sempre com o mesmo olhar inquisitivo e estranhamente calmo nos olhos. É uma sensação um tanto ou quanto estranha, ter imaginado Grenouille e vê-lo tal e qual na tela. Dustin Hoffman, Alan Rickman e Rachel Hurd-Wood completam o elenco principal e estão perfeitamente à altura para acompanhar Ben Whishaw, sem o ofuscarem uma única vez no filme.

Atrevo-me hoje. Este é sem dúvida o filme do ano e talvez de uma vida...

Simplesmente majestoso.

*Vejam um comentário diferente em Cineblog.

publicado por Ricardo Fernandes às 04:26 link do post
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