A maioria das críticas que li sobre Superman Returns são más. Umas muito más, outras assim, assim. Cheguei a ler que este filme não faz esquecer os primeiros Super-homem(s) com Christopher Reeves. A minha não é má, gostei bastante do filme e irei dizer porquê.
Antes um parágrafo. Eu vi o filme antes deste estrear no cinema. Não queria ver uma cópia pirata, mas fiquei com graves crises de verborreia asneirenta quando, soube que só iria estrear em Portugal praticamente 2 meses depois de ter estreado nos U.S.A. e no resto do mundo civilizado. A minha vingança: vou vê-lo como um pirata. Esta decisão de só estrear a 10 de Agosto em Portugal, levou-me a pensar no porquê. Foi uma estratégia de Marketing, certamente. Se o foi, foi muito mal concebida. Provavelmente a intenção era levar as famílias imigrantes ao cinema, esquecendo-se porém que essas já o teriam visto há 2 meses atrás. E quem não o viu então, foi porque não tinha interesse... logo... não o irá ver agora… Brilhante estratégia não?
Apesar de tudo isto, eu fui na realidade vê-lo também ao cinema. Fui vê-lo na sala Cinemax do Beloura Shopping, zona VIP.
Superman Returns situa-se cronologicamente depois do segundo filme da saga, imortalizada por Christopher Reeves. Neste segundo filme, Lois Lane descobre que Clark Kent é na realidade o Super-Homem e este usa um dos cristais da sua fortaleza da Solidão para se tornar humano e poder ter uma vida normal, com a sua eterna amada. Tudo estaria bem, não fosse, 3 criminosos de Krypton presos na Zona-Fantasma (prisão Kryptoniana), conseguirem fugir para fugir para a terra. Nesta, eles tem os poderes do Super-Homem e são imparáveis, principalmente quando se juntam a Lex Luthor. O líder destes criminosos é Zod. Um grande general kryptoniano que tinha sido aprisionado por Jor-El, pai do Super-Homem. Em busca de vingança, devastam o nosso planeta e Clark Kent que era agora humana, é forçado a desistir da sua vida normal e recupera os seus poderes. O filme acaba, com a destruição destes 3 inimigos mortais e com algo inexplicável: Lois Lane esquece que Clark Kent é o Super-Homem.
Superman Returns segue a partir daqui. Uns cientistas descobrem fragmentos do planeta natal do Homem de Aço. Na eterna procura de um ser igual, Kal-El (Super-Homem) resolve partir em busca de vida nesses fragmentos, mas não encontra ninguém e retorna à terra. Passam-se 5 anos e a terra continua a sua vida sem o Super-Homem.
Quando regressa, muito se alterou. Lex Luthor foi solto porque o Super-Homem não podia depor; e principalmente Lois Lane está junta com outra pessoa e é Mãe.
Não vou adiantar mais do filme, pois é minha intrínseca opinião que devem ver o filme.
Brandon Roth é o indivíduo que tem a cruel missão de fazer esquecer Christopher Reeves. É fisicamente parecido com este último e em certas alturas do filme, principalmente quando se despede de Lois na famosa expressão “Good night Lois!” é a voz de Reeves. Como Clark é quando tem mais semelhanças. As mesmas idiotices e jeito parvo que caracteriza o repórter está patente. É um fardo enorme representar o papel de alguém admirado por todos, o papel que para Christopher Reeves, foi o seu, é o seu papel, mas Brandon Roth está muito bem.
Kate Bosworth é a nova Lois Lane. Não é a Lois Lane dos mundos do Super-Homem que mais gosto, no entanto é uma carinha laroca, bem mais bonita que Margot Kidder. Ela impregna ao seu papel uma idoneidade diferente da que Margot deu. Margot Kidder, representava uma mulher cosmopolita, com um stress brutal, sempre numa azáfama arrebatadora, com uma voz que roçava os decibéis que provocam a surdez a qualquer um e Kate dá-nos uma mulher completamente diferente. Também arrisca e provoca, mas é muito comedida e a voz têm um tom normal. Talvez por ser mãe, está mais controlada, o que transfere ao papel uma credibilidade maior.
Para Kevin Spacey a tarefa não era nada fácil. Substituir o consagrado Gene Hackman, não é para qualquer um. Mas Spacey, dispensa apresentações e este sim… É o Lex Luthor, que eu queria. É cruel mesquinho e quando esboçamos um sorriso ao vê-lo no filme é porque ele é irónico e não uma barata tonta.
Bryan Singer apostou num elenco consagrado, excepção feita a Brandon Roth, e talvez Kate Bosworth, embora não tendo feito muitos filmes, é já bastante conhecida nos states. Foi engraçado vê-lo recuperar velhas filmagens de Marlon Brando dos primeiros filmes e inseri-las neste, e visualmente creio que ele é do melhor que por aí anda. Depois dos 2 primeiros X-Men, cujo 3º abandonou para fazer Superman Returns, só se podia esperar beleza visual. O Super-Homem realmente voa, a capa esvoaça de acordo com os movimentos do actor, e as cenas de acção conseguem-nos colar à cadeira.
Devo frisar dois momentos que para mim demonstram o quanto este filme é bom. Sem estar a querer estragar nada a ninguém, o Super-Homem leva um enfardamento brutal na parte final do filme. Eu consegui sentir o sufoco, dor e desespero através da sucessão de imagens e do desempenho de Brandon Roth. De salientar também que após salvar o mundo, o nosso herói cai das alturas e a forma como cai fez-me lembrar um outro filme e a história da humanidade. Ele cai de braços abertos e em forma de cruz… Preciso de salientar mais? Salvador da Humanidade? Hello?!! Anyone? O filme que me recorda é a terceira parte de Matrix, quando Neo é carregado para o núcleo.
É através de Singer que poderemos agradecer a presença de Spacey, que o tinha dirigido em Suspeitos do Costume. Também contamos aqui com James Madeson, o Ciclops de X-Men.
No fundo, este não é um filme de vislumbre. É um filme para quem gosta do Super-Homem. Para quem entende o personagem e vibra com ele. Para os demais é apenas um filme que se vê bem, nunca um filme extraordinário. Para mim… foi magnífico (embora com o dinheiro que foi gasto pudesse e devesse ser melhor).