A história de como um livro nos vem parar aos braços, é sempre peculiar. Voltei a ganhar gosto pela leitura. E por incrível que parece tudo se deve… ao twitter e sobretudo ao acaso!
Li muito, em tempos idos, aquando dos meus 20 anos. Era frequente viajar de comboio e como tal, lia bastante, devorando sagas e livros soltos em menos de uma semana. Era mais inteligente na altura, pelo que alugava imensos livros na faculdade e gastava muito pouco dinheiro com isso (mais abaixo toco o porquê deste ponto). Lembro-me da aventura que foi ler as Brumas de Avalon, o Perfume, mais tarde o Senhor dos Anéis ou mesmo a saga do menino que sobreviveu. No entanto, comecei a trabalhar, a Internet transformou-se e com ela vieram os filmes e as séries, que se começaram a suceder a um ritmo galopante, comprei uma Xbox360, casei-me e os primeiros sacrificados, nessa loucura que é a falta de tempo, foram os livros.
A verdade é que ainda tentei ler algumas coisas… depois do capítulo final de Harry Potter, mas nada me satisfez. Li o Código de Da Vinci e desiludi-me, li “The Cell” de Stephen King e embora tenha gostado não era a mesma coisa. Mas no entanto envolvi-me no TVDependente pelo meu gosto de séries e vim a deparar-me (já que gostava imenso do autor) com “The Dark Tower” do mesmo King que falei acima. Lia-se nalgum link que carreguei, que a história era mais complexa que Lost e que a saga tinha sido uma das influências maiores da mítica série. No entanto após o primeiro capítulo desinteressei-me. Talvez por ser um inglês complexo, embora já tenha lido imensos em inglês (a saga Harry Potter, até alguns da saga Twilight), ou talvez porque não me envolveu nesse primeiro capítulo. E sim é verdade... li alguns livros da Saga Twilight. Li o primeiro e até gostei, li o segundo e vi-me grego para o acabar e não consegui completar o terceiro, porque era mau de mais e desisti por completo.
Mas felizmente tenho Twitter e entre algumas das pessoas que sigo, começou a existir um "zum zum", acerca de uma nova série da HBO a estrear em 2011 baseada num livro chamado “A Game Of Thrones” da saga "A Song of Ice and Fire". Perguntei o que era e lá me explicaram que era um livro de um tal de George R. R. Martin, conhecido por ter escrito para as séries "Beauty and the Beast" (sim com a Linda Hamilton) e "The Twilight Zone", que era composto por 7 volumes, mas só estavam escritos 4. E que era estrondosamente bom e avassalador.
Fiquei com a pulga atrás da orelha. Não o comprei, pois tal como muitos outros que tenho em casa (inclusive Sangue Fresco), ficaria empilhado e com muito poucas hipóteses de ser lido. No entanto chegou o mês de Maio e com isso a Feira do Livro de Lisboa. Impulsionado pela minha sede de “Sangue Fresco” fui até à bancada da editora Saída de Emergência para o adquirir, mas o destino entrou em campo quando a rapariga que está à minha frente, tem nas mãos o livro que descurei chamado “A Guerra dos Tronos”. Custava 10€ em preço de feira e eu pensei… porque não? Levei os dois.
Tal como pensava ficaram ambos parados. Sangue Fresco porque após a leitura do primeiro capítulo, não me atraía tanto quanto a série e outro… bom, porque simplesmente não o queria ler. Passou Junho e nada, mas no final de Julho entrei de férias e levei os dois livros comigo. Na primeira semana acabei Sangue Fresco. Gostei, não tanto quanto a série, mas no Twitter e Facebook, diziam-me que só tinha a melhorar. Que realmente o primeiro era o mais fraquinho. E fui à Fnac comprar o segundo. No entanto, não me queria embrenhar logo no segundo. Optei por experimentar o primeiro capítulo de “A Guerra dos Tronos”, afinal de contas dizia na contracapa que era a mais importante obra fantástica desde que Bilbo encontrou o anel. Porque não? Li então o primeiro capítulo e o segundo, terceiro e não consegui parar de ler. Li até voltar para o trabalho, altura em que com a azáfama e o desnorte de sair das férias, não li durante dois ou três dias, mas quinta-feira passada acabei finalmente o livro. Fascinado com a história resolvi comprar o segundo. Na sexta-feira, depois do trabalho e qual não é o meu espanto quando Domingo às 13 horas da tarde tinha-o acabado.
A minha senhora, ofereceu-me o terceiro e já estou a alta velocidade. Gosto de o ler. Têm tudo o que me atrai: intrigas palacianas (é mais ou menos medieval), honra, dever, mistério, guerra, magia, coisas sobrenaturais. O livro, as palavras, entranham-se de tal maneira que não estou a conseguir saciar a sede de saber mais sobre a história. Sim, é assim tão bom!
No entanto tenho uma crítica a fazer à sua editora, a Saída de Emergência. Compreendo o risco que é num país como o nosso, lançar um livro destes para o público. Compreendo que tendo em conta a fantástica tradução de Jorge Candeias e trabalho de capa que o livro custe os 17 € (se bem que 14€, ou mesmo os 10€ de preço de feira, seria mais que justo). Mas não compreendo a necessidade de dividir os livros em 2. Foram editados 4 livros por George R. R. Martin, nós temos 8. Ora… cada um dos livros dele, origina dois nossos e os dele em inglês custam 10€, na Fnac… Não compreendo esta alarvidade de ganhar dinheiro, sentindo a necessidade de dividir os livros em 2 (129€ é um bocado abusado… é ¼ do salário mínimo nacional). Principalmente quando a Saída de Emergência está agora mais do que nunca presente em todo o lado com a Saga Sangue Fresco. É uma pena, parece-me um preço excessivo e é talvez por isso que agora, que ganhei novamente o gosto pela leitura, não consiga comprar mais livros.
Sobre a história dos livros em si... bom leiam, é o melhor que tenho a dizer. Aconselho vivamente: 10 em 10!