02 de Abril de 2008

De tudo o que esperava de The Mist, não esperava certamente gostar do filme. Já conhecia a obra Literária de Stephen King e sabia de antemão o que se iria suceder ao longo do filme. Se para alguns (sim Edgar és tu J ) o filme foi insípido, o desenvolvimento das personagens nulo e a realização pior que horrível, eu achei precisamente o contrário, na maioria destes campos.

 

A cidade de Brigton no Maine (a tal cidade ficcional), é assolada por um misterioso nevoeiro que aparece após uma noite de trovoada. Devido aos estragos causados por esta ultima, David Drayton (Thomas Jane de The Punisher) e o seu filho Billy (Nathan Gamble) dirigem-se ao supermercado da cidade (aqueles à americana onde se vende de tudo) para se reabastecerem de mantimentos e outros utensílios para reparar a casa, algo desfalcada de “madeira”.  Quando estão fila de pagamento o nevoeiro torna-se muito denso, cobrindo praticamente a cidade e subitamente aparece um homem aos gritos, referindo que há algo no nevoeiro e está a matar toda a gente. Com extremo receio, toda a gente que estava na loja resolve não sair até saber o que se passa. Mas, que motivo teriam eles para não sair? Ao que sabiam podia bem ser um velho louco a gritar como muitos pelo fim dos tempos. Quando começam a sair alguns clientes e há grito e sangue algo está errado.

 

O cerne do filme acaba por ser a convivência entre os vários clientes e funcionários da loja. Não me querendo alongar demasiado na história para quem queira ver o filme praticamente imaculado de informação, creio que não vale a pena escrever mais sobre o nevoeiro. Afinal de contas as taglines do mesmo até são bem claras: “Belief divides them, mystery surrounds Them, but fear changes everything”. O que o medo nos leva a fazer? Em época de crise onde nos apoiamos? O que fazer, como proceder? – Estas são as questões que estão sempre presentes no filme. Quando tudo está controlado, quando há apenas laivos de discórdia, em que só a voz de uma fanática religiosa se ouve lá muito ao fundo, não há qualquer problema. Esse levanta-se, quando as mortes e acontecimentos inexplicáveis começam a suceder-se. Nessa altura a voz que era distante, aproxima-se e o medo instala-se pois as suas palavras são de vingança de Deus, do Diabo e do dia do Julgamento. Sem saberem como explicar o que se sucede, as pessoas apegam-se a quem lhes dá esperança de salvação.

 

E é aqui que se centra todo o filme, em que o veículo de ódio, personificado na personagem de Marcia Gay Harden, despoleta o que de pior há no ser humano, em que a dada altura é mais seguro estar no nevoeiro, que dentro da loja. Aliás a actuação de Marcia Gay Harden  é de tal forma convincente, que Nuno Markl escreve no seu blog, algo que eu não posso deixar de concordar: “Vale a pena aplaudir ainda Marcia Gay Harden num papel que, não fosse a Academia considerar o horror um género menor, lhe poderia ter valido nomeação para o Óscar”.

 

De Frank Duramont, realizador de filmes como “The Shawshank Redemption” e “The Green Mile” (curiosamente ambos escritos por Stephen King) apenas tenho a apontar algo que me deixa completamente possesso, que é o fade in e fade out como mudança de capitulo no argumento. Isso realmente não têm cabimento para um filme de cinema e não de TV. Quanto ao resto, acho que está bem explorado pelo que as personagens oferecem. Há a crítica política em Brent Norton, a social em como o primeiro (Juiz de Nova York) se eleva acima dos demais cidadãos da pequena cidade, a separação de raças, ou ainda na própria estrutura de certos cidadãos. Em suma, o desenvolvimento não é vasto, porque não é caso disso, não há necessidade na história nem na situação para aprofundar mais os personagens.

 

O final é diferente do livro, quem o leu, verá que há aqui um cunho pessoal, ou dos argumentistas ou do realizador, não estraga a história, mas confere-lhe um poder completamente diferente, por tudo aquilo que implica. Se é melhor ou pior… depende da perspectiva. Creio que o que King queria transmitir quando o escreveu, Duramont conseguiu entender e explorar através da personagem de Marcia Gay Harden, porém quando King, não viu a necessidade de algo mais na história, Duramont viu. Sejam vocês os juízes.

 

 

7/10

 


 

Em nota de rodapé, o filme estreou nos EUA a 21 de Novembro de 2007, apenas quatro meses antes do nosso pequeno paraíso chamado: Portugal.

publicado por Ricardo Fernandes às 15:36 link do post
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Por isso gosto do cinema em relação a tudo o resto: Consegue-se distanciar das coisas sem ser preciso entrar no fanatismo (tal como o futebol, por exemplo). Eu como sabes, não gostei do filme, pelas razões que já enumerei e não vou voltar a escrevinhar, ehehh! E realmente lembraste-me dos fades... Ui o que eu me ri com isso!
Já agora, qual o final do livro??
Edgar Ascensão a 2 de Abril de 2008 às 17:45
*SPOILOR* Bom... creio que não faça mal nenhum... no livro após entrarem no carro (os mesmos) rumam pelo nevoeiro e mais nada... :P

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