A magia que envolve a poesia e o facto desta ser tão cativante é pura e simplesmente a interpretação que cada um faz dela. Cada estrofe, cada verso pode e deve ser sentida de maneira diferente em cada um de nós. Quando esse sentimento mágico é transposto para o cinema, estamos perante uma obra de arte.
Estranhei o facto de um filme de aventura não estar espalhado por toda e qualquer sala de cinema, mas isso foi porque não era um filme de aventura. Pensei que seria mais um “Van Helsing”, mas graças a Deus, enganei-me redondamente. E fiquei extasiado, maravilhado, confuso com o filme que vi.
The Fountain é mais que uma história da busca pela vida eterna. É uma fábula sobre aceitar o destino, aceitar a morte. Existem 3 histórias neste filme. A de um Conquistador Espanhol, na demanda da arvore da vida bíblica em território inca; a história de um Cientista que procura a cura de uma doença maligna para a sua esposa e a uma história curiosa dentro de uma bolha onde o actor principal está com a árvore da vida a caminho do lugar dos mortos inca. As histórias não são mostradas em separado, são juntas e intercaladas entre si. A mescla é de tal forma que por vezes é confuso seguir o raciocínio de uma forma lógica. Confesso que não fiquei tão confuso ao vê-lo do que quando vi a Estrada Perdida de David Lynch, no entanto saí do filme algo desnorteado. A árvore da vida está presente nas 3 histórias (digo isto porque na história do cientista, a dada altura ele faz avanços para a cura deste cancro a partir de uma árvore da América do Sul), o aceitar a morte como parte natural da vida também.
Darren Aronofsky já tinha feito um filme extraordinário, com Requiem for a Dream, e este passa-lhe aos pontos. A clareza da realização é de facto fenomenal, os planos, os efeitos especiais, mesmo a mescla de imagens que unem e desdobram as várias epopeias do filme. Fiquei fã deste realizador e argumentista. Rachel Weisz, está a tornar-se um caso sério em Hollywood. É uma excelente actriz e finalmente, após já uma vasta carreira está a entrar em filmes de acordo com a sua… arte! Agora quem me surpreendeu foi Hugh Jackman. Ele é bom actor. Sempre gostei dele, mesmo em papéis menores sempre engrandeceu esses papéis. Aliás, não foi por acaso que falei em “Van Helsing”, se o filme é interessante (para além da Kate Beckinsale e do fabuloso Richard Roxburgh como Drácula) é por causa dele. “The Prestige” já foi um novo caminho que Jackman trilhou à altura. Este foi mais um papel fenomenal.
Este é um filme que não é para qualquer um. Algumas pessoas na sala de cinema, saíram do filme a expressar barbaridades, mas lá está… o filme obriga a pensar e nem toda a gente gosta de o fazer.
9/10